4 de dezembro de 2013

WOODY ALLEN E ÓCULOS





Hoje falamos de Woody Allen, famoso realizador e argumentista, nascido a 1 de Dezembro de 1935, em Nova York. Sobre si, diz-nos a rede que, antes de seguir a carreira como realizador, era conhecido por praticar artes mágicas, tendo feito truques de cartas e ilusionismo de forma profissional, na juventude. Dedica-se também à música. Toca clarinete na sua banda Jazz de nome One Direction.

            Um dos mais conhecidos filmes que realizou foi A Rosa do Cairo, no qual dirigiu aquela que viria a ser a sua primeira esposa, Mia Farrow. O casamento acabou quando conheceu a filha adoptiva desta. As segundas núpcias duram até ao presente.

            Diz-se que a sua personalidade neurótica é, talvez, a sua imagem de marca. No entanto, ao pesquisar frases ditas sobre si, descobri uma autocrítica que me pareceu deliciosa e que servirá de introdução para a rubrica que aqui desenvolvo:

            - “... As pessoas enganam-se constantemente em duas coisas sobre mim. Pensam que sou intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque a maior parte dos meus filmes acaba por ser um desastre financeiro).”

            Não sendo eu um especialista na área da moda, (se me conhecessem pessoalmente veriam até que sou um antípoda do que o ser trendy significa), aceitar ser tradicionalmente diferente e escrever neste espaço para falar dos objectos que se tornam a imagem de marca das personalidades que os ostentam.

            De facto, se observarem as fotografias de Allen ao longo das décadas (sendo audaz afirmar que os óculos são sempre os mesmos), as armações que usa sempre tiveram o mesmo design. Poderia até dizer que, nos dias de hoje, mais do que estar na moda, o realizador deveria ver várias colecções carimbadas com o seu nome...

            Os óculos de Allen são uma extensão da sua personalidade invasiva e extrovertida. São indissociáveis da imagem que tem junto do público. Ainda que se esconda na intimidade do clarinete ou gesticule as probabilidades exasperantes com que nos põe em diálogo com as nossas próprias vicissitudes nos enredos dos seus filmes, não conseguimos imaginar a sua figura esguia e engraçada sem aquelas armações e lentes grossas. A forma como age em público indica um relacionamento próximo dos seus gestos com o objecto. É possível perceber o que está por trás do seu discurso na forma como interage com os óculos.

            Outra perspectiva interessante desta rubrica terá também a ver com a perspectiva sociológica de determinado objecto. O facto de, as pessoas em geral, associarem os óculos à actividade intelectual acaba por ser importado para o mundo da moda por forma a que os indivíduos possam vender essa imagem jundo dos outros.


            Ninguém melhor do que um neurótico autocentrado como Woody Allen para, nos pôr em perspectiva, na sua tão peculiar sagacidade, ao reflectir sobre óculos e pessoas.






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