11 de dezembro de 2013

JIM MORRISON...


Jim Morrison, sagitariano nascido a 8 de Dezembro de 1943, ilustre membro do “Clube dos 27“, um termo macabro que designa os cantores icónicos que morreram com essa idade (Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e, mais recentemente, Kurt Cobain).

            Figura maior da geração hippie e daquela que sobreviveu ao festival de Woodstock, costumava encher o palco com exorcismos xamanísticos, uma vez que clamava ser a personificação de espíritos de nativos americanos. A sua poesia e as suas canções emolduravam o retrato de um homem de cabelos compridos e calças de ganga que, mais do que ninguém, imprimiu no imaginário colectivo, através das várias gerações, o visual do rockeiro.

            Penso que será uma opinião consensual o facto de ser difícil escolher, no personagem que Morrison encarou perante os fãs, o objecto que mais sobressaía e que mais o distinguia. A aura de Jim começava na placenta do som hipnótico do Fender Rhodes de Ray Manzarek, passando pela performance vibrante, pelos mitos das estórias sobre o seu consumo de drogas e álcool, terminando nos cabedais e gangas de uma poesia que fazia a ponte entre os clássicos e as massas. Quando cultuavam os Doors, na verdade, os jovens cultuavam o imaginário de toda uma geração.

            Se o rock dos Doors era hipnótico, a presença de Jim Morrison hipnotizava.

            Talvez seja, então, essa a marca sobre a qual nos devemos debruçar. O charme  de Morrison. De que forma é que uma característica de personalidade pode ser referida como um objecto? Procurando aquele que alimenta esse carisma. Na minha opinião, o charme é a promessa do desconhecido, o que está para lá do óbvio. O mistério do desconhecido. Se a personagem social de Jim era uma mistura explosiva de chavões rockeiros combinados entre si numa fórmula de sucesso, o que, de facto, distinguia o autor de Light My Fire, Riders On The Storm, LA Woman (entre outros), era o que o grande público desconhecia.

            Jim Morrison nomeou os Doors em homenagem ao livro Doors of Perception de Aldous Huxley e era um leitor assíduo. Artur Rimbaud, Henry Miller e o filósofo Friedrich Nietzsch estão entre os seus autores preferidos. As letras dos seus poemas e das suas composições beberam da fonte dos grandes nomes da literatura mundial. E é esse o ingrediente secreto do carisma que influencia várias gerações de jovens ouvintes.


            Num exercício um pouco arriscado, mas contundente, atrevo-me a dizer que o objecto que melhor caracteriza o náufrago inveterado que Jim Morrison personifica, seja, talvez, o livro e a relação que ele estabeleceu com as palavras que lhe sustentaram a ascenção e a queda, bem como as que o contaram e o elevaram a mito


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